Me vejo na esquina dos teus olhos, prestes a saltar e rolar pelo rosto tão devagar a ponto da tua pele me absorver antes que eu chegue a sua boca e me torne sua saliva. Aquela que vai respingando enquanto você grita com teu reflexo na frente do espelho. Insisto em descer pela tua garganta e desatar esse bolo de nós recheados do que nunca quis ouvir. Quero me misturar com o teu sangue e correr pelas tuas mãos ao se acariciar num dia vazio, quero ser o teu orgasmo inacabado, aquele que ficou pela metade por que um menino de rua tocou tua campainha. Quero voltar pelo teu estômago e te enjoar, quero te fazer me vomitar até que a náusea te desmaie e te force a não querer sair de casa por semanas. Quero me tornar a sujeira nos cantos que a água não toca no teu corpo, quero descer aos teus pés e me guiar até onde você possa me encontrar numa estrela próxima a Saturno. Quero te ver me vendo de outros olhos ao chorar. Quero nascer onde tua dor faz morada e não sair de lá até que sejamos todos nômades novamente. Quero me embrulhar nos teus presentes e mesmo quando a solidão te tomar como refém, eu estaria na sujeira do carpete, descendo pelo ralo do banheiro, sujando a pia da cozinha e sendo tua saliva amarga no começo do dia, eu estaria. Por que cada lágrima tua no meu rosto, sou eu voltando pra você.
Hélida Carvalho
P.E.R.F.E.I.T.O. !!! *-*
ResponderExcluirObrigada, Matheus. :-) s2
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