Quimi rabiscou num canto sujo da parede, que cheirava a mofo e misturava-se com a água que descia dos olhos de Deus:
"Somos esse emaranhados de lembranças mortas, com um amor tão imaginário quanto os beijos que não demos ao nascer do sol."
E nenhuma daquelas vozes eram conhecidas, nenhum daqueles olhos que o observaram sorrateiramente já foram vistos antes, nenhum daqueles cheiros que tomavam todo o cômodo era familiar. Então ele se perguntava em silêncio que pecados havia cometidos para que o amor batesse na sua porta, e em lágrimas de sangue pedisse pra ficar. Não havia espaço na cama, na casa, no coração. Não havia brechas, furos, portas, ou raios de luzes que penetravam em seus poros, e a resposta foi silenciosa como o vento que soprou uma canção que dizia que viveríamos pra sempre se não morrêssemos por pecar.
- Live Forever, de novo? Não cansa da mesma voz, mesmo disco, mesma poltrona?
- Não me canso de ser a pessoa que eu queria que fossemos.
E a voz do Liam tomou cada partícula de botão Mudo naquela sala...
Nada aconteceu por três dias.
Ninguém bateu naquela porta há 3 anos, e ainda tenho os discos em vinil autografados.
Sem valor.
Lembranças.
Lembranças sem valor, só um punhado de coragem em dizer que amei uma sombra. Que se escondia cada vez que o sol ousava a nos espiar de longe.
Hélida Carvalho
Eu morro de preguiça de ler textos no computador porque o brilho da tela me cansa. Mas eu não sei como você consegue, primeiro com Nane, e agora um novo personagem tão interessante quanto ela. Num grau diferente é claro.
ResponderExcluir