sábado, 28 de julho de 2012

Nane é apelido VI - Introdução a Artur.


O bar estava vazio, começo da semana, pouca clientela. Puxei uma cadeira no canto e esperei pelo garçom. Não tinha cardápio, nem vontade de cerveja, mas era daquela cadeira velha que eu a observava passar. Alguns dias ela passava mais cedo, noutros perdia a hora e aqueles olhos não me deixavam dormir. Me apresso a dizer que não sou um ladrão, um psicopata ou um louco. Um louco apaixonado, em sã consciência, um pouco detetive também - quase comprei um binóculos pra não a perder de foco.

Me contive, não sou um louco.


Confesso, comprei. Só que fazem três semanas e não usei ainda.

Fiquei só na fantasia dela passando nua pela janela, com os cabelos molhados caindo pelos ombros, com os seios pequenos e bunda arredondada. Com a intenção de ser espiada de perto, de me fazer soar o triplo naqueles dias de verão. Foi só um sonho. Se por acaso acontecesse algo assim, eu atravessaria correndo as seis passarelas que separam nossas casas e a teria. Por um momento insano, eu poderia até ser preso, mas eu a pegaria e deixaria meus dedos tomarem vida por aquele corpo esbranquiçado. Só assim voltaria pra casa com um item a ser devolvido, um sexo amador, e o alivio de não ter que mofar no canto de um bar pra sorrir de longe e nem ser atendido pelo garçom.

Aliás, me chamo Artur, sou musico. Espio Nane há 8 meses.

Hélida Carvalho

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Trecho de "Eu, delírio."

"Sendo despertado por amantes que batem na porta às 5:50h da manhã e esperam ser atendidos com um belo sorriso, e um exalo leve do cheiro que carrego. Devo avisa-los que veneno tem gosto doce, e é um delírio em fim de tarde. Não acostume-se com o sabor, se não vai beber dessa água por muito tempo."

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Escrevo porque não posso sair gritando nas ruas, ou talvez escrevo porque ainda não tenho o que falar. Hélida Carvalho, inspirada na musica que me ouve.

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